Um homem que estava
paralisado do peito para baixo conseguiu voltar a caminhar graças a um
tratamento revolucionário realizado na Polônia, que segundo um dos cientistas
britânicos envolvidos foi "mais impressionante do que um homem caminhando
na lua". Darek Fidyka, um bombeiro polonês de 40 anos, é a primeira
pessoa no mundo a se recuperar de um rompimento total dos nervos da coluna
vertebral, segundo um artigo publicado na revista científica Cell
Transplantation.
O tratamento envolveu o
transplante de células da cavidade nasal para a medula
espinhal. "Para mim, isto é ainda mais impressionante do que um homem
caminhando na lua", afirmou o professor Geoffrey Raisman, do Instituto de
Neurologia do University College de Londres (UCL).
Fidyka foi operado há dois
anos. Agora ele consegue caminhar com um andador, ter uma vida normal e até
mesmo dirigir um automóvel, quatro anos depois de ter sido esfaqueado pelo
ex-marido de sua companheira. "Quando começa a voltar, você sente que
sua vida começou de novo, como se tivesse nascido de novo. É uma sensação
incrível, difícil de descrever", declarou Fidyka ao programa Panorama da
BBC, que teve acesso exclusivo ao paciente e aos médicos.
As imagens divulgadas pelo
canal britânico mostram o paciente, que atualmente está em período de
reabilitação, atravessando uma ponte com a ajuda de um andador. "Eu
sabia que seria difícil e prolongado, mas nunca quis aceitar a ideia de passar
o resto de meus dias em uma cadeira de rodas", afirmou.
Darek Fidyka foi operado
em duas ocasiões na Polônia por uma equipe médica coordenada pelo cirurgião
Pawel Tabakow, da Universidade de Wroclaw. A operação sem precedentes é o
resultado de 12 anos de pesquisas, disse o dr. Tabakow.
"Há 12 anos, nós
realizamos pesquisas sobre a possibilidade de ajudar os pacientes que sofreram
um rompimento total da espinha dorsal e que estão condenados a andar em cadeira
de rodas até o fim da vida", explicou Tabakow, citado em um comunicado do
hospital universitário de Wroclaw.
Uma descoberta capital
"Nós acreditamos que
o procedimento é uma descoberta capital que, se for desenvolvida, representará
uma mudança histórica para as pessoas que sofreram ferimentos na coluna
vertebral", declarou o dr. Geoffrey Raisman. Os cirurgiões utilizaram
células olfativas (OEC) da cavidade nasal do paciente, a partir das quais se
desenvolveram os tecidos seccionados. A técnica, descoberta pela UCL,
havia apresentado bons resultados em laboratório, mas nunca havia sido testada
com êxito em um ser humano.
"A operação fornece
uma ponte que permite às fibras nervosas seccionadas crescer no vazio",
resumiu o professor Raisman. Os primeiros resultados positivos apareceram
três meses depois da operação, financiada pela Nicholls Spinal Injury
Foundation e pela Fundação Britânica sobre Células Tronco. Depois de outros
três meses, o paciente era capaz de caminhar com a ajuda de barras paralelas.
Ao ser questionado sobre o
alcance do tratamento, Alain Privat, cientista do Instituto Nacional da Saúde e
de Pesquisa Médica (INSERM) francês, especializado na reconstrução da medula
espinhal, recomendou "prudência", ao destacar que a operação precisa
ser repetida para que seja possível tirar conclusões".
"Só um verdadeiro
teste (clínico) permitirá mostrar que foi, sem dúvidas, o fato de ter enxertado
as OEC o que fez funcionar novamente a medula espinhal", disse. O
cientista acrescentou que entre as dúvidas que precisam ser esclarecidas está a
necessidade de confirmar que a medula espinhal havia sido totalmente
seccionada.
Fonte:
MegaCurioso
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