Talvez os teólogos não se
ocupem mesmo de discutir o “sexo dos anjos”. Afinal, há outras preocupações.
Entre elas, a aparência definitiva do messias supremo do cristianismo. Mas não
apenas os peritos, é verdade. Muito se discute sobre a cor da pele, as feições,
a estatura e a beleza física de Jesus Cristo.
Ok, considerando-se as
dúvidas levantadas em relação à originalidade do Sudário de Turim (o Santo
Sudário), é provável que críticos, fiéis e estudiosos jamais cheguem a um
consenso sobre a aparência do Salvador. Entretanto, isso não nos impede de
atravessar a História, recolhendo representações variadas, desde os primeiros
séculos.
Há de um tudo, é verdade.
Vai-se do Cristo pastor, envolto em santidade e também por um clima bucólico.
Outras representações mostram o Messias ainda jovem, sem barba e com cabelos
curtos. Por fim, parte-se daí para a beleza personificada durante a Idade
Média, para o cristo “extraterreno” das representações globais e, por fim, para
o fruto de uma investigação científica — a qual tentou se aproximar o máximo
possível da fisionomia real de Jesus.
Enfim, seja você um
cético, um religioso ou um amante de artes, a sequência abaixo traz consigo um
belo retrato da evolução das próprias religiões cristãs — desde o século III
até os dias de hoje.
Primeiras representações
A imagem do afresco acima
é uma das primeiras representações de Jesus Cristo encontradas. O retrato foi
originalmente pintado nos muros de uma sinagoga na cidade síria de Dura
Europos. No registro, “A Cura do Paralítico”, o Messias aparece jovem, ainda
sem barba e com cabelos curtos e encaracolados.
Surgem a barba e o cabelo comprido
As primeiras imagens do
Cristo barbado e com cabelos longos datam do século IV. Acima, uma
representação encontrada na Catacumba de Marcelino e Pedro. A inspiração vem
das representações de deuses do panteão grego e romano, trazendo consigo uma
das imagens do Cristo mais tradicionais até hoje.
O “Bom Pastor”
O mosaico da imagem acima
foi encontrado no Mausoléu de Galla Placidia e mostra o Cristo jovem e,
novamente, sem barba — embora tenha sido acrescentado um halo. O Messias pode
ser visto segundo a identidade do “Bom Pastor”, conforme é apresentada no
evangelho de João. A representação inclui as cores púrpura e dourado,
consideradas nobres, e traz a semelhança de um cidadão da Roma Antiga.
Primeira aparição dos apóstolos
A imagem acima foi
encontrada nas catacumbas de Santa Tecla, próximas à Basílica de São Pedro, em
Roma. O afresco é a obra mais antiga a reunir Jesus Cristo e seus 12 apóstolos
— além de Paulo. De fato, as representações dos seguidores de Cristo serviram
como base para diversas outras obras ao longo dos séculos.
O bebê Jesus
Os retratos de Jesus ainda
bebê começaram a surgir a partir do século IV. O mosaico acima encontra-se na
Basílica de Santa Sofia, em Istambul (Turquia), e mostra a Virgem Maria
embalando o Cristo, enquanto os imperadores bizantinos o presenteiam com a cidade.
No Calvário
As imagens de Jesus Cristo
no Calvário começaram a emergir a partir do Século V. O retrato acima é
encontrado nos Evangelhos de Rabbula, um livro do século VI que trazia
ilustrações sagradas. Trata-se, portanto, de uma das primeiras iconografias do
salvador cristão crucificado — ao lado de dois ladrões convictos, conforme
aparece nas Escrituras Sagradas.
A legitimidade do Sudário
de Turim (ou Santo Sudário) é debatida até hoje. Há quem afirme ser o próprio
manto que cobriu o rosto de Jesus Cristo, quando sepultado, mantendo assim suas
feições. Entretanto, um reste baseado em radiocarbono realizado em 1988 revelou
que a peça foi tecida em algum momento durante a Idade Média. Os fiéis rebatem,
afirmando que apenas a restauração é recente.
Belo ou apenas comum?
A Bíblia fornece apenas
algumas poucas informações bastante vagas sobre a aparência do Messias. Dessa
forma, há quem acredite em uma fisionomia pouco destacada, bastante comum para
a época. Outros, como Agostinho de Hipona, acreditam que o Cristo foi também a
personificação da beleza mundana. De qualquer forma, a representação de Jesus
como um homem belo constituiu o padrão durante a Renascença.
O Cristo globalizado
Há atualmente cerca de 7
bilhões de praticantes da fé cristã no mundo. Nisso se incluem diversas etnias,
culturas e tradições artísticas. Dessa forma, o Cristo representado nos dias de
hoje tende a ser um tanto mais “extraterreno” do que já foi um dia. Um bom
exemplo é o nosso Cristo Redentor, postado no topo do Corcovado, no Rio de
Janeiro (RJ). Trata-se do fruto de nove anos de trabalho, predominantemente em
concreto e pedra-sabão.
Jesus forense
A imagem acima foi
idealizada por uma série da BBC exibida em 2001. Intitulado “Son of God”, o
programa teve por objetivo investigar desde os traços étnicos até as formas
artísticas praticadas na época de Cristo, a fim de chegar a uma “conclusão”
sobre a aparência do Cristo.
As diversas vias forenses
chegaram, ao final, a um homem com tonalidade de pele escura e cabelos curtos
(também escuros). Algo distante do Salvador de olhos azuis e pele alva dos
filmes bíblicos, portanto.
Fonte:
MegaCurioso
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