A Aids surgiu em Kinshasa,
capital da República Democrática do Congo, nos anos 1920, antes de se espalhar
pelo mundo em plena mutação do HIV, concluíram investigadores que
reconstituíram o caminho do vírus responsável pela morte de 36 milhões de
pessoas.
Os virólogos já sabiam que
o HIV foi transmitido de macacos para o homem, mas agora as análises de
pesquisadores das universidades de Oxford e de Lovaina (Bélgica) sugerem que
entre os anos 20 e 50 uma série de fatores — como a urbanização rápida, a
construção de ferrovias na República Democrática do Congo (então Congo belga) e
mudanças no campo da prostituição — favoreceu a propagação da Aids a partir de
Kinshasa.
"Nossa investigação
sugere que (...) houve um pequeno momento na época do Congo belga que permitiu
a esta cepa do HIV em particular emergir e se propagar", diz o professor
Oliver Pybus, do departamento de Zoologia de Oxford e um dos principais autores
do estudo.
"As informações dos
arquivos coloniais indicam que no final dos anos 40 mais de 1 milhão de pessoas
passaram anualmente por Kinshasa via ferrovia", destaca Nuno Faria, da
Universidade de Oxford, também responsável pela pesquisa. "Os dados
genéticos nos dizem também que o HIV se propagou muito rapidamente através do
Congo, de uma superfície equivalente à Europa Ocidental, deslocando-se com as
pessoas pelas ferrovias e hidrovias".
Assim, o HIV chegou a
Mbuji-Mayi e Lubumbashi, no extremo sul do país, e a Kisangani, no norte, entre
o final dos anos 30 e início dos anos 50. Estas migrações permitiram ao
vírus estabelecer os primeiros focos secundários de infecção em regiões que
dispunham de boa rede de comunicação com países do sul e do leste da África,
afirmam os pesquisadores.
"Acreditamos que
mudanças na sociedade se deram no momento da independência do Congo, em 1960,
e, provavelmente, o vírus pôde escapar em pequenos grupos de pessoas
soropositivas para infectar populações mais amplas, antes de se propagar pelo
mundo" no final dos anos 70, revela Faria. O HIV foi identificado
pela primeira vez em 1981.
Além do desenvolvimento
dos transportes, algumas mudanças sociais, especialmente envolvendo os
profissionais do sexo, que tinham um grande número de clientes, e um maior
acesso a seringas, compartilhadas por usuários de drogas, fizeram expandir a
epidemia.
Fonte: MegaCurioso
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