Certamente não falta quem
pragueje contra a ciência, sobretudo quando padece de alguma coisa. Entretanto,
embora pareça pouco provável que um cientista minimamente razoável defendesse
qualquer tipo de onipotência, há algo difícil de contestar: os seres humanos
andam levando vantagem na guerra contra o câncer.
Bem, mas porque tantas
pessoas ainda morrem vítimas de câncer todos os anos? Conforme colocou o site
Real Clear Science, a questão é igualmente controversa e complicada. Mas há
pelo menos três pontos principais que se deve ter em mente ao questionar a
mortandade desencadeada pelas várias formas de câncer hoje.
Maior expectativa de vida
Basicamente, há hoje mais
pessoas morrendo de câncer porque é mais fácil viver por tempo suficiente para
desenvolver alguma forma da doença. Citando exemplos nos EUA, por exemplo, o
referido site lembra que a expectativa de vida média de um estadunidense no
início do século XX era de apenas 46,3 anos para homens e 48,3 anos para
mulheres. Também na época, doenças como a difteria ainda apareciam entre as 10
principais causas de morte.
Entretanto, graças aos
avanços da medicina — e também de diversas comodidades da vida contemporânea —,
o mesmo estadunidense, em 2010, tinha uma expectativa de vida de 76,2 anos para
homens e 81,1 anos para mulheres. É claro que existiam idosos em 1900 — mas
eles compunham uma parte consideravelmente menor da população. De fato,
conforme lembra o autor, atualmente mais da metade dos estadunidenses passavam
dos 80 anos já em 2000.
Juntamente com o aumento
da expectativa de vida, entretanto, há o aumento do número de casos de morte
devidos a variações de câncer. E isso por um motivo bastante óbvio: as outras
formas de morte têm se tornado cada vez mais evitáveis.
Conforme colocou George
Johnson em coluna ao New York Times: “As pessoas entre 55 e 84 anos de idade
tem maior chance de morrer de câncer do que de uma ataque cardíaco. Para as que
vivem além dessa idade, a coisa se inverte, e o ataque cardíaco passa a ter
maior probabilidade de ocorrência. Entretanto, ano a ano, conforme mais e mais
corações com problemas são substituídos, o câncer passa a cobrir cada vez mais
espaço”.
Medicina diagnóstica
A medicina atual também
tem se tornado cada vez mais efetiva na hora de detectar a ocorrência de câncer.
Devido aos saltos da medicina diagnóstica, é possível tomar conhecimento da
doença cada vez mais cedo — muitas vezes, bem antes de qualquer manifestação
sintomática.
Naturalmente, uma detecção
prematura não necessariamente representa maior sobrevida —mas em grande parte
dos casos, as chances podem aumentar consideravelmente.
Fatores combinados
Conforme coloca o autor do
referido artigo, talvez a totalidade do cenário atual represente mesmo avanços
sem precedentes na batalha contra o câncer. Há até mesmo um gráfico para tornar
isso ainda mais claro. Como mostra a figura abaixo, uma combinação de fatores
que inclui detecção prévia, métodos preventivos e melhorias no tratamento foi
responsável por uma taxa de 215 mortes a cada 100 mil pessoas nos EUA em 1991.
Em 2010, entretanto, esse
número baixou para 172 mortes a cada 100 mil pessoas no mesmo país. Trata-se,
portanto, de mais de 1,3 milhão habitantes salvos desde 1991. Talvez um bom
motivo para o otimismo — mesmo levando-se em conta as discrepâncias entre os
vários sistemas de saúde mundo afora, é verdade.
Fonte: MegaCurioso
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