Embora o velho ditado diga
que “educação vem de berço”, segundo novo estudo, o quanto você é inteligente
não depende de como seus pais o criaram. Ainda que as sessões de leitura, as
conversas durante o jantar e os passeios em família possam fazer qualquer
criança feliz – além de ser algo extremamente importante e positivo –, nada
disso vai determinar seu nível de QI no futuro, revela o criminologista Kevin
Beaver.
Em sua profissão, Beaver
estuda as causas que levam ao crime e os métodos de preveni-lo. Ele trabalha na
Universidade do Estado da Flórida (Tallahassee) e, junto com uma equipe
especializada, tentou descobrir como os diversos estilos de criação influenciam
na inteligência das crianças, pois “o crime costuma ser ligado a isso”, destaca
Kevin.
A culpa é dos genes ou da criação?
Os estudos antigos
indicavam que a forma como os pais cuidavam dos filhos poderia afetar o nível
de QI delas. Todavia, as primeiras análises deixavam de fora o impacto que a
genética tem nesse fator. Portanto, o que o grupo de Beaver quis saber era se o
grau de quociente de inteligência era afetado pela maneira como as crianças
foram ensinadas ou se isso era apenas um reflexo dos genes herdados.
Para efetuar o trabalho,
eles agruparam informações de 15 mil estudantes do ensino fundamental e médio
nos EUA. A análise recebeu o nome de National Longitudinal Study of Adolescent
Health.
Método de análise
No ano estudantil de 94
até 95, os pesquisadores fizeram uma série de perguntas aos estudantes. Por
exemplo: quão amáveis ou perigosos são seus pais? Você costuma conversar muito
com eles? Qual seu grau de proximidade? Quanto você acha que eles se importam
com você?
Além disso, os alunos
receberam uma lista com 10 atividades que são comuns entre diferentes famílias,
por exemplo, praticar esportes, ir ao cinema juntos, conversar no jantar, fazer
compras etc. Depois, eles foram questionados quantas dessas recreações eles
fizeram com os pais na última semana.
Os estudantes também
responderam sobre o quanto seus pais eram permissivos. Eles deixavam que os
filhos escolhessem os próprios amigos? Assistissem o que quisessem na TV?
Determinassem sozinhos quando ir para cama?
Depois, os analistas
aplicaram um teste para medir o nível de QI dos alunos. Nele, eles teriam que
ligar imagens e palavras. Geralmente, a pontuação desse tipo de prova é
utilizada para medir o nível de inteligência. Posteriormente, essas pessoas –
agora na faixa entre 18 e 26 anos – foram avaliadas novamente.
Um grupo especial
Entre todos os resultados,
a equipe de Beaver se interessou principalmente pelos de um grupo de cerca de
220 estudantes que haviam sido adotados. Obviamente, os pais que os criaram não
passaram nenhum gene para eles. Portanto, se existisse mesmo uma ligação entre
o QI do estudante e a maneira como os pais o criaram, os pesquisadores poderiam
perceber melhor pela pontuação desses alunos.
Entretanto, nenhuma
ligação foi apontada. Mesmo que os alunos dissessem que seus pais se importavam
com eles e que costumavam fazer atividades em grupo – ou falassem o contrário
disso – nada influenciou no teste de QI. Isso significa que o nível de
quociente de inteligência de uma pessoa é principalmente o resultado dos genes
herdados por parte dos pais biológicos.
Claro que isso não
significa que você deve deixar as crianças largadas na rua ou não incentivá-las
à leitura. Segundo Beaver, isso apenas prova que todos nós temos nossas
fraquezas e pontos positivos. Logo, alguns terão que se esforçar mais para se dar
bem na vida. Além disso, em alguns casos, as outras pessoas sempre serão
melhores de que você em certas atividades.
“A chave é saber no que
você é bom e o que gosta”, explica Kevin. “Dedique-se muito para se tornar o
melhor que possa ser”, ele complementa.
A importância da criação
J.C. Barnes também é um
criminologista que estuda como a genética e o ambiente afetam a criminalidade.
Ele trabalha na Universidade de Cincinnati, em Ohio. Embora concorde que o novo
estudo mostra que o comportamento dos pais não afeta no QI dos filhos, ele
defende que é importante que os responsáveis proporcionem um ambiente de
carinho para as crianças.
Os pais que fazem isso
“dão as melhores chances para que os filhos sejam bem-sucedidos – não porque
aumentam seus QIs, mas sim pois permitem que eles cresçam e se tornem
indivíduos saudáveis”, conclui Barnes.
E você? Concorda que o
ambiente é importante na criação das crianças ou estamos todos fadados ao peso
dos genes?
Fonte:
MegaCurioso
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