Mortes
recentes provocadas por um tigre no norte da Índia confirmam que as
circunstâncias podem fazer com que predadores desenvolvam o gosto por carne
humana.
Alguns
animais podem até se tornar serial killers de pessoas, sugerem especialistas e
relatos de ataques fatais. No caso da Índia, uma tigresa já matou nove pessoas
(até agora) em uma área densamente arborizada perto do Parque Nacional Jim
Corbett, em Uttar Pradesh. Caçadores locais estão tentando capturar o animal
com vida, mas provavelmente irão matá-lo.
“Eles
realmente tomam gosto por seres humanos”, declara à AFP a conservacionista
Belinda Wright, da Sociedade de Proteção da Vida Selvagem da Índia. “Mas
acredito que (os ataques acontecem) porque somos presas muito fáceis. Se um
tigre está velho ou tem alguma deficiência, somos um alvo fácil, andando
desajeitadamente sobre duas pernas”.
A tigresa,
um dos 200 felinos que vivem no parque, está aterrorizando os moradores da
região. As crianças não podem se aventurar muito longe de casa e os
agricultores, com medo dos ataques, deixaram de dormir nos campos.
George
Burgess, diretor do Programa de Pesquisa de Tubarões da Flórida, faz coro com
Wrigh. “É possível que alguns animais aprendam a atacar seres humanos. Alguns
felinos podem nos ver como presas fáceis em determinadas circunstâncias”.
Um gosto
crescente por sal também pode explicar os ataques. Segundo Maheshwor Dhakal, do
Departamento de Parques Nacionais e Conservação da Vida Selvagem de Katmandu,
quando leopardos e outros felinos grandes começam a caçar seres humanos, e
difícil detê-los.
“Como o
sangue humano contém mais sal que o dos animais, quando predadores selvagens
experimentam o sangue salgado, passam a desprezar outras presas, como cervos”,
explica Dhakal à CNN. “No entanto, desenvolver o gosto por seres humanos, ou
qualquer outra coisa, exige um processo de aprendizagem baseado em experiências
passadas, o que só é possível se o predador tiver acesso frequente à ‘fonte de
alimento’”.
Segundo
Johnny Rodrigues, presidente da Força-Tarefa de Conservação do Zimbábue, os
avistamentos de animais selvagens em áreas urbanas “provavelmente ocorrem
porque os seres humanos estão invadindo cada vez mais as áreas de reserva,
provocando a destruição de seu habitat”.
No caso dos
felinos, os ataques mais frequentes envolvem vacas, ovelhas e outros animais de
criação. É raro um animal atacar unicamente seres humanos.
Burgess
conhece apenas dois casos de tubarões que atacaram seres humanos várias vezes.
Ambos ocorreram no litoral do Egito e podem ser atribuídos à atividade humana,
ao menos indiretamente.
Na ocasião,
navios da Austrália e Nova Zelândia transportaram ovelhas vivas para o Egito,
que seriam sacrificadas em um feriado religioso. ”As ovelhas defecaram e
urinaram, e tanto seus dejetos como as ovelhas que morreram a bordo foram
lançados no mar. Isso gerou um rastro que provavelmente se estendeu da Nova
Zelândia até o Mar Vermelho”. Ao que parece, um tubarão-de-pontas-brancas e um
tubarão-mako seguiram esse rastro e foram parar em águas rasas, repletas de
banhistas. Sem ovelhas ou outras presas para atacar, os tubarões passaram a
caçar os humanos.
“É muito
raro que um tubarão ou outro animal persiga repetidamente seres humanos, mas
isso pode acontecer”, alerta Burgess. Tais encontros nos fazem lembrar que nem
sempre os humanos estão no topo da cadeia alimentar.
Kirsten
Jenkins, antropóloga da Universidade de Minnesota, explica que um suposto
ancestral dos humanos modernos e dos chimpanzés, chamado Proconsul, era o prato
favorito de diversos predadores.
“Encontrei
muitas marcas de dentes e de bicadas nos fósseis desses primatas. São
evidências diretas de que os creodontes e raptores consumiam esses primatas”,
explica Jenkins ao Discovery Notícias.
No começo
deste ano, os restos de um enorme crocodilo com chifres, Crocodylus
thorbjarnarsoni, foram encontrados perto de um Australopithecus, um ancestral
do Homo Sapiens. Os pesquisadores desconfiam que os humanos eram comuns em sua
dieta.
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