O cérebro
dos cães e dos humanos é surpreendentemente semelhante, pelo menos em relação à
comunicação e às emoções, segundo um novo estudo.
A pesquisa,
publicada na revista Current Biology, é a primeira a comparar as funções
cerebrais de humanos às de animais não primatas. Os pesquisadores constataram
que tanto cães como homens aprenderam a perceber as emoções alheias ao longo de
sua evolução.
Nós
conseguimos perceber se uma pessoa ou um cão está feliz, triste ou pronto para
brigar, e os cachorros podem fazer a mesma coisa.
“Os cães e
os seres humanos compartilham um ambiente social semelhante”, explica uma das
autoras do estudo, Attila Andics, da Academia Húngara de Ciências. “Nossos
resultados sugerem que eles também ativam mecanismos cerebrais semelhantes para
processar informações sociais. Talvez isso explique o êxito da comunicação
vocal entre as duas espécies”.
Quando você
diz alguma coisa para seu cachorro e ele parece entender, há uma boa chance de
que ele realmente tenha compreendido – pelo menos, quanto às emoções que você
está transmitindo.
Talvez isso
explique por que os cães são tão bons em perceber nosso estado de espírito:
eles são mais sensíveis ao que sentimos do que ao que dizemos.
Se você
responder, por exemplo “estou bem” à pessoa que mora com você, mas estiver de
mau humor, é provável que seu cachorro perceba a diferença.
Para o
estudo, Andics e seus colegas realizaram exames de ressonância magnética em
humanos e cães, especialmente treinados para ficar imóveis dentro do
equipamento. Os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral dos dois grupos
enquanto ouviam cerca de 200 sons de cães e humanos, de gemidos e choros a risos
e latidos brincalhões.
Quando
ouviam vozes, tanto cães como humanos ativavam áreas semelhantes do cérebro. No
entanto, os cães reconheciam melhor os sons de sua própria espécie. (Aposto que
a experiência pode mudar isso. Se uma pessoa conviver muito tempo com
cachorros, por exemplo, suas habilidades “caninas” ficarão mais aguçadas. Os
cães certamente fazem a mesma coisa).
Uma
diferença interessante é que, nos cães, 48% das regiões cerebrais sensíveis ao
som reagiam mais intensamente a ruídos que a vozes. Já nos humanos, apenas 3%
dessas regiões mostraram reações mais intensas a sons não vocais.
É por isso
que damos mais atenção a pessoas falando do que a um esquilo guinchando ao
fundo, ao contrário dos cães, que ainda preservam os instintos de lobo selvagem.
Segundo os
cientistas, o estudo representa apenas o primeiro passo para entender a
incrível sensibilidade dos cães às emoções humanas.
“Este
método oferece uma maneira totalmente nova de investigar o processamento neural
dos cães”, acrescenta Andics. “Finalmente começamos a entender como nosso
melhor amigo nos vê e se orienta no ambiente social”.
Por
Jennifer Viegas
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