Os gatos malhados, com sua mistura de pelos alaranjados, pretos e brancos, podem ajudar os humanos a perder peso.

O segredo está em sua estrutura cromossômica peculiar, segundo uma pesquisa apresentada esta semana na 58º Encontro Anual da Sociedade Biofísica, em São Francisco.

Segundo Elizabeth Smith e seus colegas da Universidade da Califórnia, os gatos malhados possuem um gene do pelo alaranjado em um dos cromossomos X e um gene do pelo negro no outro. A desativação aleatória de um dos cromossomos X em cada célula é responsável pela aparência de “colcha de retalhos” de sua pelagem.

“Descobrir como apenas um cromossomo X é desativado pode explicar todo o processo de controle epigenético, ou seja, como as mudanças na atividade genética são herdadas sem alterar o código do DNA”, explica Smith. “Isso pode ajudar a responder a outras questões, como a comprovação da transmissão genética da obesidade”.

O objetivo final é descobrir quantos tipos diferentes de genes podem ser ativados ou desativados sem alterar a sequência original do DNA.
O primeiro passo é observar cromossomos específicos. Smith e sua equipe conseguiram realizar essa façanha com um novo tipo de tomografia, que usa a fluorescência para gerar imagens em 3D das estruturas celulares.
A técnica permitiu que os pesquisadores observassem diretamente cromossomos específicos. Neste caso, o cromossomo X inativo das células femininas.

“Com as novas sondas fluorescentes, pudemos começar a identificar a posição de genes específicos no contexto, dentro da intrincada rede de DNA em um núcleo intacto”, explica a pesquisadora.
“O núcleo de uma célula contém o código genético, o DNA. Mas apesar de a estrutura do DNA ter sido descoberta há mais de 50 anos, e de já conseguirmos identificar a posição de genes específicos nos cromossomos, ninguém havia visualizado o DNA dentro de um núcleo intacto de uma célula hidratada”.
Como a potente ampliação proporcionada pela nova tecnologia, os pesquisadores puderam observar toda a organização subestrutural de um único cromossomo, sendo que cada um deles é formado por várias partes. “É incrível pensar na complexidade cromossômica de um gato malhado”, diz Smith.

Essas moléculas também podem ser responsáveis por distúrbios ligados ao cromossomo X em seres humanos (e existe um bom número deles), que podem ser transmitidos aos descendentes.

A distribuição de gordura corporal também foi associada aos cromossomos X, portanto, a regulação dessas estruturas no interior dos núcleos celulares pode, no futuro, ajudar a controlar as tendências à obesidade herdadas.
A pesquisa ainda é incipiente, mas os cientistas esperam conseguir desativar os componentes da obesidade (e de outras doenças) dentro do núcleo celular.


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