Paris (AFP) – Os
neandertais compartilharam o habitat europeu com humanos modernos durante cinco
milênios até que desapareceram, há 40.000 anos, um período suficiente de
coabitação para que tenham ocorrido trocas culturais e cruzamentos, afirmam
cientistas.
Embora não haja provas de
que os dois grupos tenham convivido lado a lado, eles coexistiram entre 25 e
250 gerações, dependendo da região, segundo um estudo publicado pela revista
Nature nesta quarta-feira.
“Os resultados revelam uma
coincidência de 2.600 a 5.400 anos”, escreveram os cientistas, que recorreram a
novas técnicas de datação aplicadas a 200 amostras de osso, carvão e conchas em
40 sítios arqueológicos em toda a Europa, da Espanha à Rússia. “Este período é
suficientemente longo para que exista interação e cruzamentos”, indicaram os
cientistas.
Nas últimas tentativas
para datar os últimos momentos dos nossos primos, a equipe descobriu que os
neandertais (Homo neanderthalensis) desapareceram em épocas diferentes em
distintas partes da Europa, em vez de serem substituídos subitamente pelos
humanos atuais (Homo sapiens).
As perguntas como, por que
e quando os neandertais se extinguiram, deixando espaço para os humanos atuais,
fascinam há tempos os cientistas. Alguns falam de um desaparecimento muito mais
recente.
Os humanos modernos se
originaram na África e chegaram à Europa há 50 mil ou 30 mil anos. Ali,
encontraram os neandertais. Sua breve interação fez com que os seres humanos de
raça não africana atualmente tenham entre 1,5% e 2,1% de DNA dos neandertais. Segundo
o novo estudo, fruto de seis anos de trabalho, há 45 mil anos a Europa era
habitada principalmente por neandertais, com escassos grupos de humanos
modernos.
Essa relação de quantidade
se inverteu nos 5 mil anos seguintes até que os neandertais desapareceram,
segundo a pesquisa. Em vez de os humanos modernos terem substituído
abruptamente seus primos distantes, parece ter havido uma mudança progressiva,
“caracterizada por um mosaico cultural que sobreviveu milhares de anos”,
acrescentam.
Eles afirmam que o
trabalho de datação feito é o mais preciso realizado até o momento sobre este
período. A datação com carbono radioativo com frequência é mais difícil em
amostras de osso ou rocha anterior aos 25 mil anos.
“Datações prévias usando
carbono radioativo frequentemente subestimaram a idade das amostras
provenientes de sítios associados aos neandertais porque a matéria orgânica
estava contaminada com partículas modernas”, disse o diretor do estudo, Thomas
Higham, da Universidade de Oxford.
O estudo não chegou a
nenhuma conclusão sobre se houve um ou vários acontecimentos de cruzamento
entre humanos modernos e neandertais. ”Logicamente, os neandertais não se
extinguiram por completo, visto que alguns de seus genes persistem em muitos de
nós hoje em dia”, comentou Higham.
Fonte: MegaCurioso
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