Brutalidade nos estádios,
direção perigosa no trânsito, decisões financeiras estúpidas e arriscadas e
outros comportamentos associados aos imbecis podem ser explicados pela
recém-formulada “Hipótese do Maluco” (“Crazy Bastard Hypothesis”, em inglês).
A hipótese, descrita na
última edição da revista Evolution of Human Behavior, diz que parte da
população, principalmente homens jovens, está predisposta a assumir riscos
não-violentos para aumentar seu status.
Daniel Fessler, autor da
pesquisa, explicou ao Discovery que “Especificamente, quanto menos alguém se
preocupa com seu próprio bem-estar, mais perigoso é esse oponente, pois não
pode ser intimidado com ameaças e é menos provável que recue caso seja ferido”.
“Uma parte considerável da
psicologia de homens jovens é dedicada à competição, incluindo a competição
potencialmente violenta com outros jovens” acrescentou Fessler, um antropólogo
evolucionário da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. “Alardear que não
se importa com a possibilidade de se machucar ou morrer, faz de alguém um
adversário temido e um amigo valioso”.
Para realizar o estudo,
Fessler questionou o motivo de alguém se agir de forma arriscada e
não-violenta. Ele percebeu, por exemplo, que é muito mais provável que uma
cascavel pique um jovem da Califórnia que qualquer outra pessoa. Os jovens
californianos frequentemente pegam essas cobras como forma de desafio ou para
se mostrar na frente dos outros.
Para fazer o estudo,
Fessler e sua equipe realizaram cinco experimentos. A maioria buscava saber
como homens e mulheres percebem a proporção e a força de riscos ocultos. Os
riscos incluíam coisas como não usar o cinto de segurança, comer ou enviar
mensagens dirigindo, andar acima da velocidade permitida, cruzar o farol
vermelho, tomar sol sem protetor solar, apostar um dia de salário no pôquer e
outros comportamentos de risco.
Um estudo semelhante foi
realizado entre moradores de Fiji, só que desta vez os riscos incluíam escalar
coqueiros altos e navegar em mar revolto sem colete salva-vidas. Na maioria
dos casos, particularmente entre os homens, saber que alguém se engaja
voluntariamente em uma atividade não-violenta, faz com que os outros conceituem
que ele é maior e mais forte.
“Em outras palavras, sua
mente faz um resumo dos vários recursos táticos – ativos e passivos – que você
e seu oponente usariam em uma luta (como armas, presença de aliados, etc.)”
disse Fessler. “Conceituar uma pessoa que se arrisca como alguém maior e mais
forte mostra que você acha que essa pessoa é a mais perigosa em uma luta”.
Estudos anteriores
encontraram conexões genéticas para a tendência de assumir riscos entre homens
e mulheres, portanto, uma parte do comportamento “maluco” parece inerente ao
ser humano.
Quanto ao motivo da
tendência dos homens a assumir mais riscos que as mulheres, Fessler explicou
que existe mais variação no sucesso reprodutivo masculino que no feminino. Essa
é uma consequência do maior investimento feminino na reprodução, devido à
gravidez e à amamentação. Homens jovens tendem a se tornar menos propensos ao
risco à medida que envelhecem.
Daniel Kruger, pesquisador
e membro do corpo docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
Michigan, acha que a “Hipótese do Maluco” é intrigante e intuitivamente
plausível. “É bom lembrar que nossa arquitetura psicológica evoluiu em um
mundo muito diferente do que vivemos hoje. Só muito recentemente temos um
Estado de Direito e estamos próximos de ter proteção policial universal nas
sociedades modernas” acrescentou.
Ele disse também que “cem
anos atrás, as pessoas corriam risco de confrontos físicos em seu grupo social
e em outros grupos. Ter aliados fortes e criar barreiras para ameaças muito
reais, eram preocupações durante a maior parte da história humana”. Essas
preocupações existem até hoje.
Fessler disse que as
mulheres que acham que precisam de proteção física, tendem a se associar a
“aventureiros”, enquanto alguns países tendem a apoiar líderes
“malucos”. “Quanto à escolha de líderes”, acrescentou Fessler, “se uma
pessoa vive em um ambiente onde ocorrem conflitos constantes entre grupos, a
tendência é dar mais valor a um líder que intimide os inimigos”.
Fonte:
Discovery noticias
0 comentários:
Postar um comentário