Quem é que não tem algum
tipo de medo ou já se amedrontou diante de alguma situação? Barulhos estranhos
dentro de casa, pessoas desconhecidas nos seguindo na rua, animais bravos,
filmes de terror e muitos outros motivos são o suficiente para fazer o coração
disparar, as mãos suarem, a respiração acelerar e os músculos se contraírem.
Muitas pessoas gostam de
sentir medo. A excitação que vem com ele pode ser até agradável para alguns,
como é o caso das pessoas que amam filmes de terror ou brinquedos de parque de
diversão. Porém, na maioria dos casos, o medo não é muito bem-vindo. Mas você
sabe o motivo pelo qual o sentimos? Sabe o que causa essa reação tão intensa?
Afinal, o que é o medo?
O medo é uma reação
involuntária causada quando passamos por algum estímulo estressante. O cérebro
libera substâncias químicas que causam o disparo do coração, a respiração
rápida, a contração do músculo, entre outras coisas. Tudo isso também é
conhecido como reação de luta ou fuga.
O estímulo para que isso
aconteça pode ser causado por várias coisas: uma barata, um revólver na cabeça,
um teatro cheio de pessoas esperando por um discurso seu, o baque da porta
diante do sopro do vento, entre outras inúmeras causas. O cérebro é acionado
involuntariamente, ninguém tem controle sobre isso.
O CAMINHO BAIXO
Existem dois caminhos para
a reação do medo: o caminho baixo, que é rápido e confuso, e a estrada, que
leva mais tempo e entrega uma interpretação mais precisa dos estímulos. A ideia
principal do caminho baixo é não se arriscar. Vamos dar um exemplo da porta
batendo para que todos entendam melhor esse processo.
Se a porta da frente da
sua casa bate de repente, pode ser o vento ou um ladrão. O caminho baixo nos
leva primeiramente a acreditar que é um ladrão, pois é mais fácil nos
preparamos para o pior do que acreditarmos que é o vento e nos vermos diante do
revólver de um bandido.
A porta batendo é o
estímulo e o cérebro envia esses dados para o tálamo. Esse, por sua vez, não
sabe se os sinais são perigosos ou não, mas, uma vez que podem ser, ele manda a
informação para a amígdala. Ela recebe os impulsos neurais e age para proteger
você, dizendo ao hipotálamo para iniciar a reação de luta ou fuga.
A estrada
O caminho da estrada é
mais complexo. Aqui, são consideradas todas as opções. Por exemplo: a porta
batendo é um ladrão ou é o vento? Os olhos e os ouvidos mandam essa informação
para o tálamo, que manda tudo para o córtex sensorial. Lá, os dados são interpretados,
criando um significado.
Depois de determinado um
resultado, tudo é enviado para o hipocampo, que estabelece um contexto. Ele
cria perguntas como: “Eu já senti esse estímulo antes? O que isso significou?
Existem outras coisas acontecendo que dão pistas sobre ser um ladrão ou
vento?”. Todos os dados são transmitidos e analisados, determinando o que
realmente pode ser.
Então, tudo isso é enviado
para a amígdala, que, por sua vez, diz ao hipotálamo se deve ou não desligar a
reação de luta ou fuga. A estrada leva mais tempo que o caminho baixo e é por
isso que temos mais momentos de terror antes de nos acalmarmos quando o medo é
ativado através dela.
Luta ou fuga
Para ativar essas reações,
o hipotálamo liga dois sistemas: o nervoso simpático e o adrenal-cortical. O
primeiro utiliza as vias nervosas para iniciar as reações do corpo e o segundo
usa a corrente sanguínea. Combinando os dois, sentimos aquela vontade de sair
correndo ou de enfrentarmos o perigo em busca da sobrevivência.
Quando o sistema nervoso
simpático é ativado, o corpo acelera, fica tenso e torna-se imediatamente
alerta. Se houver um ladrão na porta, você vai ter que tomar medidas rápidas.
Ao mesmo tempo, o hipotálamo libera corticotropina na glândula pituitária
quando o sistema adrenal-cortical é acordado, movendo-se pela corrente
sanguínea.
Essa inundação de
adrenalina, noradrenalina e dezenas de outros hormônios provoca mudanças no
corpo, como aumento da pressão arterial, pupilas dilatadas, veias contraídas,
aumento de glicose, músculos tensos, dificuldade de concentração, desligamento
do sistema imunológico, entre muitos outros sintomas.
E por que tememos?
O medo está associado ao
instinto de sobrevivência. Se não o sentíssemos, nós não sobreviveríamos por
muito tempo. Caminharíamos no meio do trânsito, conviveríamos com pessoas
infectadas por doenças contagiosas, estaríamos lado a lado com animais ferozes.
Mas as pessoas aprenderam a temer no decorrer da evolução humana.
Medo condicionado
A resposta ao medo pode
ter sido aperfeiçoada com a evolução, mas também há um outro lado: o medo
condicionado. É ele que faz com que algumas pessoas encarem os cães como
monstros, enquanto a maioria os considera parte da família. Talvez essas
pessoas tenham sido mordidas quando crianças e, tempos depois, o cérebro ainda
associa cachorros à ameaça.
Medos mais comuns
Existem muitos tipos de
medos, mas alguns são bem mais comuns. Segundo uma pesquisa realizada com
adolescentes americanos em 2005, os 10 medos mais frequentes são os ataques
terroristas, aranhas, mortes, erros, guerra, peso, violência/crime, estar
sozinho, futuro e guerra nuclear, nessa mesma ordem.
Ainda temos o medo de
falar em público, de ir ao dentista, de sentir dor, de ter câncer e de cobras.
Todos esses medos são levados para a vida adulta. Mas, embora possa haver medos
universais, existem aqueles específicos de indivíduo para indivíduo e até
comuns entre comunidades, regiões ou mesmo culturas.
Porém, experimentar o medo
vez ou outra é saudável e faz parte da vida. Mas viver com medo crônico pode
ser prejudicial fisicamente e emocionalmente. Quando a pessoa passa sempre a
temer alguma coisa, evitando participar de atividades diárias e não tendo
interação social, então é hora de procurar ajuda médica para poder superá-lo.
Superando o medo
Estudos mostram que ratos
com amígdalas danificadas vão até os gatos sem medo algum. Porém, como a
maioria de nós não está disposto a arrancá-las, é preciso explorar outras
formas de superar o medo. Muitos encaram as terapias comportamentais para a
extinção de qualquer tipo de receio.
A extinção do medo envolve
criar uma resposta condicionada que contraria a resposta de medo condicionado.
A nova memória criada pela extinção do medo tenta substituir aquela que já toma
conta do consciente de cada indivíduo. Dessa forma, o medo ainda vai existir,
mas a ideia de que nada vai acontecer virá como prioridade na ordem dos
pensamentos.
Fonte:
MegaCurioso
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