Plástico é um material bem prático — barato, moldável, leve e reciclável (se as pessoas contribuírem). Mas você já imaginou por que a cerveja não é vendida em garrafas PET, como grande parte dos refrigerantes?

A resposta é simples: o plástico altera o gosto da bebida. O material é mais poroso do que o vidro e o alumínio e permite uma troca maior de oxigênio e dióxido de carbônico do líquido com o ambiente. Isso faz com que a cerveja perca a espuma, tão admirada pelos fãs da loira.

Além disso, o vidro quase não tem gosto e não interage quimicamente com a bebida. Latinhas de alumínio são protegidas por um polímero que reduz o risco de contaminação da bebida com o metal. A garrafa PET, mais comumente usada para armazenar refrigerantes, libera, por exemplo, uma substância chamada antimônio, que, em níveis muito elevados, podem ser prejudiciais para a saúde. Outra vantagem das garrafas de vidro, especificamente das que não são transparentes, é que elas protegem a cerveja dos raios solares.

O plástico apresenta ainda um outro problema. Em geral, ele não resiste tão bem ao processo de pasteurização, pelo qual passam quase todas as cervejas. Nessa etapa de fabricação, a bebida já está embalada e passa por uma máquina que, com um spray de água fervendo, visa a matar possíveis micróbios. Ao contrário do vidro e do alumínio, o material tende a ficar um pouco deformado no processo.

Pesquisador da Unicamp desenvolveu garrafa de plástico especial

No entanto, o plástico ainda apresenta vantagens que têm levado empresas engarrafadoras e pesquisadores a buscarem soluções que facilitem o seu uso. Professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, o Dr. Carlos Alberto Rodrigues Anjos desenvolveu uma garrafa de plástico especial para o armazenamento de cerveja.

Com PET modificado, ele diz ter criado embalagens leves e resistentes ao calor da pasteurização. As garrafas têm uma barreira aos gases, dada pela orientação molecular durante o processo de sopro que a forma. A adição de pigmento de cor âmbar ajuda a proteger a bebida da luz. “As embalagens apresentam desenho semelhante às garrafas de cerveja de vidro de 600 mL do mercado brasileiro e podem ser recicladas para se tornarem embalagem novamente, conforme Resolução ANVISA.”, garantiu, em entrevista ao Mega Curioso. Atualmente, o pesquisador verifica as possibilidades de vender o produto para empresas de cerveja no Brasil e na América do Sul.

Garrafas de plástico têm um alvo bem definido. A comercialização das embalagens é bem-vinda principalmente em eventos que tenham grande aglomeração de pessoas, como festivais de música, blocos de carnaval, estádios e festas. Assim, o material pode coexistir com os mais clássicos. A Heineken, inclusive, criou embalagens de plástico especialmente para as Olimpíadas de 2012.

Agora resta aguardar para conferir se cerveja em garrafa de plástico vira ou não uma realidade por aqui. Para os boêmios, adeptos de um bom boteco, a adaptação pode ser difícil, mas para alguns locais a novidade pode trazer benefícios. 









Fonte: MegaCurioso


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