Como você sabe, até hoje
os historiadores debatem se a Arca de Noé realmente
existiu e se toda aquela história de dilúvio aconteceu de verdade. Contudo,
apesar dos pesares, a falta de evidências físicas sobre esse evento
cataclísmico não impediu que um arqueólogo construísse uma réplica da arca
conforme ditam as instruções presentes em uma tabuleta de argila de 4 mil anos
da época dos antigos babilônios!
De acordo com Sarah
Griffiths do Daily Mail, Dr. Irving Finkel — arqueólogo responsável pelo
departamento dedicado ao Oriente Médio do Museu Britânico — descobriu as
instruções grafadas em escrita cuneiforme (desenvolvida pelos sumérios) em uma
tabuleta encontrada há décadas, e passou cerca de 20 anos decifrando a
mensagem.
Receita babilônica
Segundo Finkel, a tabuleta
foi descoberta no Oriente Médio na década de 40 e, eventualmente, foi levada
até ele para tradução. O objeto tem o tamanho aproximado de um celular, e seu
conteúdo é o registro mais antigo de que se tem notícia da famosa história de
Noé. De acordo com o arqueólogo, o texto traz a orientação específica de que os
animais deveriam ser embarcados de dois em dois na arca.
Além disso, a tabuleta
também descreve detalhadamente como a arca deveria ser construída, e que se
trataria de um coracle, ou seja, uma embarcação com formato circular.
Ainda segundo a descrição, a arca deveria contar com o que o arqueólogo estimou
em pouco mais de 67 metros de diâmetro, 3,6 mil pilares e paredes de 6 metros
de altura construídas com 30 tábuas paralelas revestidas com “um dedo” de
betume.
Assim, a arca contaria com
o tamanho equivalente a meio campo de futebol, dois pavimentos e teria sido
construída com corda suficiente para ligar a cidade de Edimburgo, na Escócia,
a Londres, na Inglaterra —
ou seja, cerca de 650 quilômetros (dependendo da rota). Contudo, Finkel alega
que a embarcação não poderia ser construída com essas dimensões, especialmente
pela falta de material apropriado.
Reconstrução
Conforme explicou Finkel,
seria impossível encontrar pranchas de madeira longas o suficiente, sem falar
que os babilônios não contavam com a tecnologia necessária para unir esse
material e produzir a curvatura necessária para construir a arca. No entanto,
com a ajuda de uma equipe, o arqueólogo decidiu criar uma réplica — em escala
menor — seguindo as instruções da tabuleta ao pé da letra.
A empreitada ocorreu em
Kerala, no sudoeste da Índia, e a construção da arca levou mais de quatro meses
para ser finalizada. O time inclusive se absteve de usar ferramentas modernas,
cola ou pregos, e boa parte do material necessário e teve que ser importado e
transportado por elefantes até o local da obra.
Lançando a arca à água
Segundo a equipe, a parte
mais complicada foi a aplicação de betume no exterior e interior da embarcação
para impermeabilizá-la, e o time de Finkel teve que utilizar um material
alternativo — e de pior qualidade — ao utilizado pelos antigos babilônios. O
resultado final foi uma arca feita de bambu, junco e palmeiras com dois
pavimentos e aproximadamente 35 toneladas que, apesar dos esforços, não deu
muito certo.
Infelizmente, quando a
embarcação foi lançada, água começou a vazar por todos os lados e o time de
Finkel teve que utilizar uma bomba para manter a arca flutuando. De qualquer
forma, para o arqueólogo o design original criado pelos babilônios seria
extremamente estável e contaria com espaço suficiente para transportar um bom
número de animais — bem comportados — no pavimento inferior.
Embarcação redonda
Segundo Finkel, a história
da Arca de Noé é baseada em uma inundação que supostamente ocorreu no ano de
1750 a.C., e por muito tempo foi transmitida oralmente — antes de ser escrita e
incluída no Gênesis. Quem escreveu a tabuleta de argila recontou a fábula
incluindo mais detalhes, e provavelmente se inspirou em embarcações comuns na
época — os coracles, que serviam como uma espécie de taxi-aquático para 2
ou 3 ocupantes — para descrever a arca.
As medidas descritas no
texto são gigantescas, mas, proporcionalmente, não passam de um coracle tamanho
família. De acordo com o arqueólogo, o mais fascinante é que as informações são
precisas e fazem sentido, e ele acredita que o autor do texto provavelmente
conversou com construtores de embarcações e imaginou uma delas em escala bem
maior do que o habitual.
Fonte:
MegaCurioso
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