O escritor Roman Krznaric tem
um trabalho vasto e muito interessante a respeito de empatia, que nada mais é
do que o exercício de colocar-se no lugar de outra pessoa para tentar entender
melhor qual é o universo no qual ela vive e assim evitar fazer julgamentos
precoces e errados. Empatia, que também é estudada como tipo de inteligência
emocional, não é um exercício aplicado com frequência, infelizmente. Justamente
por isso é fundamental falar mais e mais sobre ele.
Para Krznaric, só haverá
uma verdadeira revolução social quando a empatia for praticada por todos. Ele
explica que é preciso ter interesse pela vida das outras pessoas, da mesma
forma que é importante deixar preconceitos de lado e buscar características em
comum com o próximo, na tentativa de resgatar a nossa humanidade. Se você tem
interesse em conhecer melhor as propostas do autor, pode conferir esta entrevista.
Tá, mas e você com isso?
A história que você vai
conhecer agora é uma boa maneira de praticar a empatia, e esse é só um dos
motivos pelos quais resolvemos escrever sobre ela. Você já ouviu falar de uma
mulher chamada Sabrina Bittencourt? Não? Então vamos a um breve histórico sobre
a vida dela.
Sabrina é uma mulher
inovadora, visionária, curiosa, independente, sonhadora e ativista. Ela tem
três filhos e os educa em casa depois que seu filho mais velho, Biel, pediu para
deixar a escola. Graças à Sabrina, esse estilo alternativo e eficiente de
educação pôde ser disseminado – se você tem interesse pelo assunto, conheça o
projeto Escola Com
Asas.
Projetos
A nossa personagem
principal do dia sempre esteve envolvida em projetos sociais, como quando
dedicava seu tempo, em Barcelona, para cuidar de crianças com problemas renais.
O interesse de Sabrina em ajudar o próximo e em criar formas inovadoras para
solucionar alguns problemas modernos acabou sendo transmitido a seus filhos,
que desde pequenos aprenderam, por exemplo, a ter uma alimentação saudável e a
cozinhar.
Um dos projetos de Sabrina
é desenvolver um chip que, implantado embaixo da pele, possa funcionar como um tradutor
simultâneo – uma espécie reformulada do peixe Babel, do Guia do Mochileiro das
Galáxias, digamos assim. Durante sua palestra no
TEDx Jardins Women, Sabrina explicou que o estranhamento com relação ao seu
projeto de futura ciborgue é natural.
Ela lembrou que, da mesma
forma que achamos bizarra essa ideia de chip, nossos avós e bisavós achariam um
absurdo imaginar que próteses de silicone seriam implantadas em tratamentos
estéticos, por exemplo. Se pensarmos no assunto por esse viés fica mais fácil
entender o projeto de Sabrina como um futuro possível.
De repente, amnésia
O fato é que tudo ia bem
com a vida atarefada de Sabrina, que equilibra seus projetos profissionais,
sociais e pessoais com sucesso. Até que, um dia, em julho de 2013, durante um
almoço em família, ela se viu em uma situação pela qual nenhum de nós pretende
passar: de repente, para ela, seus filhos e seu marido eram completos
desconhecidos. E, sem qualquer aviso, a memória de Sabrina abriu as portas e
foi embora.
Ainda que estivesse em
julho de 2013, Sabrina não se lembrava de nada que aconteceu na própria vida
depois de 2002. Assustada, perguntou pelo filho, que para ela ainda era uma
criança, sem perceber que o garoto de 12 anos diante dela era o pequeno Biel e
que, além dele, ela já tinha mais dois filhos, Raquel e David.
Ajuda
A família, logicamente,
correu procurar ajuda médica. No hospital, Sabrina ligou para o ex-marido, com
quem não falava há tempos, achando que ainda estava casada com ele. Aos poucos
a família foi se adaptando à amnésia de
Sabrina que, a certa altura, resolveu inventar uma terapia para si mesma – a
memória foi embora, a essência inovadora, não.
Sabrina pediu para que sua
família reunisse um grande número de pessoas que, de alguma maneira, fizessem
parte da vida dela. De vizinhos, colegas de trabalho a amigos e outras
familiares, Sabrina foi de um a um, com os olhos vendados, perguntando quem ela
era para essa pessoa, pedindo para que cada um contasse alguma história sobre
ela mesma.
Melhora e adaptação
Sobre o exercício, Sabrina
falou em sua apresentação no TEDx que foi interessante perceber que nós só
existimos na memória dos outros. Você já pensou na sua existência dessa
maneira? Talvez seja um exercício curioso: o que será que as pessoas diriam de
você se sua memória falhasse? E aí entra a questão de empatia: o caso de
Sabrina é um ótimo exemplo de como podemos ver as coisas de uma maneira mais
humana quando nos colocamos no lugar do outro.
Fonte:
MegaCurioso
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