Você consegue imaginar um
mundo onde todas as nações falassem o mesmo idioma? Todo mundo se entenderia,
pelo menos na linguagem, e os cursinhos de inglês, espanhol, francês, alemão
nem existiriam.
Filmes não precisariam de
legendas, não teríamos necessidade de traduções simultâneas em congressos e
apresentações, os presidentes dos países podiam conversar de forma mais fácil,
assim como pessoas de nações diferentes poderiam fazer amizades com mais facilidade
sem a barreira da linguagem. Mas, será que isso tudo seria bom ou ruim?
A diversidade de idiomas é
algo fascinante no mundo, muito do que ressalta as tradições e costumes de um
povo. Igualar os idiomas talvez não seja uma forma de tirar um pouco a
identidade de um país? É possível que sim e muitas das línguas “mães” do mundo
já estão desaparecendo, como veremos a seguir.
As variações da linguagem
Pensando em unir o mundo
em apenas um idioma no futuro, voltamos ao passado. Será que em algum momento da
existência da humanidade, houve uma única linguagem falada por todas as pessoas
que habitavam a Terra?
Segundo um artigo de
Colleen Cancio, do How
Stuff Works, não há nenhuma evidência concreta de uma única língua materna
falada pelos seres humanos antigos, embora muitos especialistas citem as
semelhanças entre as línguas mais antigas do mundo, incluindo grego, latim e
sânscrito, como prova de que as línguas modernas compartilham uma fonte comum.
Sim, elas podem derivar de
fontes antigas parecidas, mas nunca uma só (de forma integralmente igual) foi
falada por todos. De acordo com Dr. Noam Chomsky, professor de linguística no
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, "Toda língua que já existiu é
apenas uma modificação de algo que veio antes dela".
De onde vieram?
Mas e de onde veio cada um
dos idiomas existentes na Terra? Bem, ninguém sabe exatamente e, apesar disso,
nós sabemos que as pessoas do mundo não têm falado a mesma língua, em qualquer
momento da história recente. O número de idiomas existentes no mundo atualmente
também é algo difícil de determinar.
Ainda mais contando com o
fato de que a partir de qual ponto um dialeto se torna um idioma é também muito
difícil de definir. As últimas estimativas giram em torno de um total de 6.909
línguas distintas, mas os linguistas sabem que não é um número tão exato.
Apesar disso, os
especialistas concordam em um ponto: há menos línguas hoje do que no passado.
Conforme citamos brevemente antes, isso vem acontecendo porque as línguas estão
desaparecendo, mas em um ritmo alarmante. Alguns estudiosos preveem que metade
das línguas atuais terá desaparecido até o ano de 2100. E isso é daqui
muito pouco tempo.
Historicamente falando,
pode ter havido mais de 12 mil línguas distintas no mundo há dez mil anos
atrás, quando a população mundial era de 5 a 10 milhões de pessoas. Mas, e
agora na atualidade? E o futuro da linguagem, como será?
O efeito da globalização
Você acharia que o mundo
seria melhor se todos falassem o mesmo idioma ou acredita que perderia um pouco
a graça? O fato é que muitos especialistas acreditam que estamos caminhando
para isso, especialmente porque a globalização está aproximando a comunicação
entre até as comunidades mais distantes possíveis.
Com isso acontecendo, além
de suas línguas nativas, as pessoas aprenderiam esse idioma universal que seria
falado por todos. Mas essa possibilidade levanta a questão que vamos citar
novamente: será que isso é realmente possível e essa língua mundial aceleraria
a perda da diversidade linguística?
Segundo o How
Stuff Works, quando essa questão é colocada a vários especialistas em
linguística, a maioria responde que isso é muito pouco provável ou que não
aconteceria nem em um milhão de anos. Os argumentos dados são porque a
linguagem é muito intimamente ligada à cultura, família e identidade pessoal.
E não é só isso. De acordo
com os estudiosos, o aumento da proeminência de uma língua sobre outra tem
muito a ver com mudanças políticas e equilíbrios de poder. Por exemplo, se uma
nação ou região, de repente torna-se dominante no mundo dos negócios, isso
provavelmente seria um grande incentivo para se comunicar com as pessoas
daquele lugar.
Podemos tomar como exemplo
a China, que teve um grande crescimento comercial e abertura de negócios nas
últimas décadas, o que levou a muitas pessoas desejarem aprender o mandarim a
fim de conseguirem melhores oportunidades no futuro. Mas isso não tira a
importância da conexão que existe com as suas línguas nativas, pois é a ligação
com as suas origens.
O suposto fato de que se
todos pudessem se comunicar no mesmo idioma geraria a diminuição de conflitos e
ódio entre as nações é algo discutível. Visto que muitos conflitos brutais que
presenciamos no mundo acontecem entre nações e regiões que partilham linguagens
em comum. Mas, de qualquer forma, ainda existem benefícios quando todos se
entendem.
O mundo e um só idioma?
A linguagem carrega com ela toda uma herança de uma
nação da humanidade. Quando se aprende um idioma novo, é comum também querer
conhecer um pouco mais da cultura de quem fala ele, da gastronomia, da música e
da história de determinado lugar.
Tudo isso fornece informações importantes sobre os
costumes e as crenças de um povo, as prioridades e a trajetória histórica. Isso
tudo ajuda a compreender melhor o idioma estudado e as pessoas do lugar onde
ele é falado. E esse aspecto é tão fascinante que talvez seja mesmo algo triste
de perder se apenas um idioma fosse falado por todos.
De acordo com o professor de francês Dan Fitzgerald,
que conversou com Colleen Cancio, do How
Stuff Works, os custos para a humanidade seriam enormes: "grande parte
da cultura que existe junto de cada uma dessas línguas também desaparece",
explica ele.
Agora vamos imaginar um mundo em que a maioria das
pessoas pudesse falar uma língua global, mas ainda teriam a sua língua nativa
como uma forma primária de comunicação. A capacidade de se comunicar com
pessoas de todo o mundo abriria enormes oportunidades de trabalho, estudo e
relações pessoais.
Você deve estar pensando: “mas isso já existe”. Sim,
mas não com a maioria da população mundial, sendo apenas porcentagem não tão
grande que, por exemplo, usa o inglês em seu dia a dia, mesmo não sendo sua
língua nativa. E isso levanta a questão de que idioma nós usaríamos em escala
global? O inglês seria um bom candidato?
A maioria dos especialistas concorda que a resposta
depende em grande parte de fatores práticos que poderiam ser alterados com as
mudanças no poder político e econômico ao longo do tempo.
Exemplos
Teria que haver ainda uma
boa razão para todas as pessoas desejarem e se preocuparem de fato para
aprender tal língua, pois a aquisição da linguagem é quase sempre impulsionada
pela necessidade.
Alguns podem dar o exemplo
do esperanto, que foi um idioma criado em 1887 especificamente para ser uma
segunda língua comum. No entanto, com apenas dois milhões de falantes em todo o
mundo, parece improvável que se torne uma forma viável de comunicação global.
Por outro lado, muitas
pessoas concordam que o inglês já é uma língua mundial. Esse idioma é falado em
mais de cem países. Mas esse aspecto pode sim mudar em certo momento, devido à
mudança demográfica e as prioridades globais.
Mas uma coisa dificilmente
vai mudar: as pessoas sempre vão se apegar a sua língua nativa, mesmo se isso
conferir ou não alguma vantagem competitiva. É uma questão de origens, de
identidade familiar, de raízes com a sua nação, que vão muito além de um método
de comunicação.
Fonte:
MegaCurioso
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