Vai dizer que não é
difícil imaginar um gênio matemático como sendo um ardente ativista político e
romântico incorrigível! Pois no século 19 viveu um jovem francês chamado
Évariste Galois que, além de contribuir enormemente para a evolução da
matemática — foi ele quem criou a teoria dos grupos e determinou a condição
necessária para que um polinômio pudesse ser resolvido por raízes —, morreu aos
20 anos em um duelo por conta de suas paixões.
O pobre Galois viveu
durante um período bem conturbado da História. Habitante de Bourg-la-Reine, um
dos subúrbios de Paris, seu pai era uma importante figura local. Em 1815,
depois que Napoleão escapou de Elba e voltou ao poder, quando Évariste tinha
apenas 4 anos, seu pai foi eleito prefeito da localidade.
Educação
O menino foi educado em
casa até os 12 anos de idade e, aos 16 e 18 anos, tentou entrar para a
prestigiosa École Polytechnique de Paris — frequentada pelos
principais matemáticos franceses da época e conhecida por ser a instituição de
ensino de escolha dos republicanos. Évariste foi recusado nas duas ocasiões,
sendo admitido pelo Collège Royal de Louis-le-Grand, o atualLycée
Louis-le-Grand.
Galois não se deixou
abater pelo fato de não ter sido aceito pela École Polytechnique e
continuou desenvolvendo suas teorias. Ele inclusive mandou seus trabalhos para
a Académie des Sciences em três ocasiões. Nas duas primeiras vezes, a
instituição perdeu seus estudos e, na terceira vez, os matemáticos — que não
compreendiam as ideias do jovem gênio — reprovaram seu trabalho.
Ativismo
No entanto, a vida de
Galois começou a se complicar de verdade depois do suicídio de seu pai,
cometido devido a fortes desentendimentos com a oposição conservadora em
Bourg-la-Reine, formada pelos monarquistas. Republicano, o matemático decidiu
defender essa causa política fervorosamente, inclusive indo parar várias vezes
na prisão por conta de seu ativismo radical. E, após se envolver em uma série
de controvérsias, acabou se afastando da carreira científica.
Évariste morreu em
circunstâncias bizarras, e até hoje não se sabe ao certo o que o levou ao duelo
que resultou em sua morte. Especula-se que o enfrentamento possa ter sido
motivado por seu envolvimento com o movimento republicano, embora a versão mais
difundida seja a de que o combate ocorreu por conta de um percalço de origem
romântica.
O matemático teria se
apaixonado por Stéphanie-Félicie du Motel, filha de um importante médico
parisiense, mas a moça já estava comprometida com outro homem— aparentemente
muito melhor no gatilho do que Galois.
Sentença de morte
Évariste estava convencido
de que não sobreviveria ao duelo. Assim, na véspera do encontro com o oponente,
o jovem passou a noite trabalhando desesperadamente no que se tornaria seu
legado matemático. Galois escreveu uma espécie de testamento científico
endereçado a seu amigo Auguste Chevalier onde resumiu seu trabalho e incluiu
algumas ideias e teoremas novos.
O duelo ocorreu apenas um
mês depois de Évariste ter sido liberado da prisão, onde havia passado seis
meses preso devido ao seu ativismo político. O tiro o acertou no abdome, e
Galois foi abandonado para morrer sozinho. Contudo, um aldeão o encontrou ainda
com vida, mas o matemático faleceu depois de agonizar durante um dia inteiro no
hospital.
Suas últimas palavras
foram dirigidas a seu irmão Alfred e teriam sido "Ne pleure pas, Alfred!
J'ai besoin de tout mon courage pour mourir à vingt ans!" — ou "Não
chore, Alfred ! Eu preciso de toda a minha coragem para morrer aos vinte
anos!" em tradução livre.
Por sorte, seu trabalho
foi encaminhado para alguns dos principais matemáticos europeus da época e,
mais tarde, depois de ser avaliado, foi publicado, permitindo que Galois
recebesse o crédito — ainda que póstumo — por sua genialidade.
Fonte:
MegaCurioso
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