Em meados de outubro
os astrônomos começaram a observar atentamente uma mancha solar gigante na
superfície da nossa estrela com tamanho estimado em quase 130 mil quilômetros
de largura — a maior detectada nos últimos 24 anos. Em outras palavras, a
mancha é grande o suficiente para comportar o planeta Júpiter — ou 10 Terras em
seu interior.
Manchas, erupções e ejeções de massa coronal
Basicamente, as manchas
solares são regiões menos aquecidas na superfície do Sol que concentram uma
quantidade incrível de energia magnética. Nossa estrela, ao contrário do que
muita gente pensa, não é um corpo sólido, mas sim uma gigantesca esfera formada
por gás ionizado absurdamente quente que é mantido “concentrado” nesse formato
por meio de um forte campo magnético criado por partículas carregadas que se
movem constantemente.
Além disso, segundo
explicou Jenny Marder do site PBS.org, o Sol gira mais rapidamente na altura de seu
equador, fazendo com que parte desse campo magnético acabe sendo arrastado,
contorcendo-se e acumulando-se em algumas regiões formando as manchas. Então,
essas áreas de acúmulo magnético vão ganhando mais pressão, energia e fluidez,
e eventualmente parte dessa energia magnética alcança a superfície e é ejetada.
Essa liberação pode
ocorrer tanto na forma de uma erupção solar — ou seja, uma explosão que expele
energia e radiação — como na forma de uma ejeção de massa coronal, que consiste
em enormes quantidades de gás composto por partículas carregadas e pelo campo
magnético solar, capaz de viajar pelo espaço a até 150 milhões de quilômetros
por dia.
As erupções são bem
menores e menos duradouras do que as ejeções de massa coronal e, depois de
lançar material através do espaço, o gás ionizado liberado pela explosão esfria
e volta para do Sol — chocando-se contra a superfície a velocidades que podem
chegar a 100 quilômetros por segundo. Mesmo assim, elas podem interferir com as
partículas presentes na atmosfera terrestre e provocar interferências nas
telecomunicações.
Comportamento bizarro
Entretanto, de acordo com
Jenny, embora os astrônomos tenham observado inúmeras erupções na mancha
descoberta em outubro, em vez de expelir o gás ionizado ao espaço por meio da
ejeção de massa coronal — como seria o normal —, a mancha está mantendo o
plasma próximo à superfície do Sol, liberando energia pouco a pouco através das
explosões.
Conforme explicou Alex
Young da NASA, o que os astrônomos vêm observando pode ser comparado a uma
banda elástica que vai sendo torcida até começar a formar nós. Segundo Young, o
mesmo está acontecendo com os campos magnéticos do Sol: eles estão se tornando
cada vez mais contorcidos e concentrados e, uma hora essa energia toda terá que
ser liberada.
Os astrônomos dizem que
nunca haviam visto uma mancha solar se comportar dessa maneira, ou seja,
produzindo tantas erupções solares e quase nenhuma ejeção de massa. Essa área
produziu 10 erupções bem grandes, seis delas de classe X — que libera uma
quantidade de energia equivalente a 1 bilhão de bombas nucleares como a de
Hiroshima. Aliás, 20% de todas as erupções de classe X observadas no presente
ciclo solar foram produzidas por essa mancha.
Por sorte — ou talvez azar
dos terráqueos —, essa complexa mancha se encontra voltada para a Terra, e os
astrônomos estão aproveitando a oportunidade para observar e tentar compreender
sua atividade. Mas, até o momento, todos parecem pasmos com o que estão vendo,
e os cientistas ainda são incapazes de prever o próximo evento que será
produzido pela mancha.
Fonte:
MegaCurioso




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