Você já ouviu falar do
jainismo? Trata-se de uma das religiões mais antigas do mundo, e a maioria dos
fieis está concentrada na Índia. Um dos atos mais controversos de quem pertence
ao jainismo é fazer jejum até a morte.
Esse tipo de prática
radical se dá porque os fieis acreditam que a fome pode os conduzir até o
estado conhecido como Moksha, que nada mais é do que a oportunidade de fugir de
conceitos relacionados à morte e à reencarnação. Morrer de fome seria,
portanto, uma espécie de “liberação da alma”.
Todos os anos, milhares de
fiéis fazem o juramento de fome, sendo que alguns deles são monges, mas a
maioria é formada por leigos. A prática é ainda mais comum entre as mulheres –
cerca de 60% dos participantes – por isso, há quem acredite que elas são mais
religiosas do que os homens.
Juramento
Entre os participantes do
juramento estão muitas pessoas doentes, que estão prestes a morrer. Ainda
assim, há fiéis saudáveis que escolhem morrer de fome. Para você ter mais noção
com relação aos números, em 2009, 550 pessoas fizeram o juramento de fome na
Índia.
A monja Sadhvi Charan
Pragyaji foi quem conseguiu aguentar mais dias sem comer – ela morreu aos 60
anos de idade depois de ficar 87 dias em jejum absoluto. Durante esse período,
a religiosa recebeu a visita de mais de 20 mil seguidores, afinal sua morte foi
um processo público. Em certo momento, as pessoas eram avisadas de que poderiam
vê-la morrer durante as últimas visitas.
Um desses casos acabou
fazendo parte do programa Tabu, da National Geographic – você pode assistir a
alguns trechos clicando aqui. Lembre-se de que as imagens podem ser
consideradas fortes: elas mostram o momento exato da morte de uma religiosa,
cercada de outros fiéis, extremamente magra, pálida e fraca.
A maioria dos fiéis
presentes na morte da religiosa são mulheres, que a seguram nos braços e passam
as mãos sobre ela a todo momento. No mesmo cômodo há alguns homens também,
sendo que entre eles há uns sem roupa, que permanecem rezando ao redor da
pessoa que está morrendo. A morte da fiel é silenciosa e seguida das lágrimas
dos que a cercavam.
Religião ou suicídio?
A ação começou a ser
questionada há alguns anos, e há quem acredite que ela deve ser banida e
considerada suicídio. Por outro lado, os fiéis argumentam que a prática
religiosa é garantida pela Constituição indiana. O documento diz que “cada
seção de cidadãos tem uma cultura distinta e deve ter o direito de
conservá-la”.
Os fieis acreditam também
que a prática é normal e deveria ser tratada com respeito, alegando que é
injusto comparar o sacrifício com o suicídio, afinal as pessoas têm a liberdade
de desistir do sacrifício e continuarem vivendo, se assim desejarem.
Por outro lado, ainda que
a Constituição aborde a liberdade de crença religiosa, a lei do país é clara
com relação ao suicídio. Nesse sentido, o argumento é o de que deixar o fiel em
jejum constante acaba o colocando em uma situação de ostracismo e negligência,
o que torna a atitude uma questão além do livre arbítrio. Por isso, em alguns
casos, autoridades intervieram e chegaram a obrigar alguns fiéis a comer.
A prática foi comparada
com o Satí, ritual no qual as viúvas se jogam no fogo durante a cerimônia de
funeral de seus maridos – nós falamos sobre o Satí eoutras práticas culturais perturbadoras nesta publicação. O
Satí já é banido na Índia, e esse exemplo tem sido usado para tentar acabar com
os juramentos de fome também. E aí, você já conhecia esse tipo de ritual? Acha
que ele deveria ser proibido ou que a tradição religiosa deve ser mantida?
Fonte:
MegaCurioso
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