Adultos que comem muita proteína têm quatro vezes mais chances de morrer de câncer, segundo um novo estudo. As mortes por diabetes e outras doenças também foram mais numerosas, sobretudo entre as pessoas que consumiram mais carne e produtos lácteos.

Apesar de muita gente acreditar que uma boa refeição deve incluir um belo bife, os resultados fazem coro com um número crescente de pesquisas, que sugerem uma dieta rica em grãos e leguminosas, em detrimento da carne e do frango.

“Se ingerissem 10% menos proteínas, as pessoas estariam mais protegidas”, declara Valter Longo, diretor do Instituto de Longevidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles. “Se nossos números estão corretos, o impacto seria tão grande quanto parar de fumar”.

Em meio à popularização de dietas radicais, como a do Dr. Atkins, as evidências foram se acumulando ao longo de décadas, e comprovam que dietas ricas em proteínas podem prejudicar a saúde devido à influência do hormônio de crescimento IGF-1.

Estudos mostram que a alta ingestão proteica pode aumentar o nível do IGF-1 no organismo. No entanto, quando ele diminui em decorrência de dietas ou mutações, vermes nematódeos vivem muito mais do que o normal, e ratos sucumbem muito menos a doenças relacionadas ao envelhecimento.
A equipe de Longo encontrou um grupo de pessoas no Equador com deficiência do hormônio, e descobriu que a incidência de câncer e diabetes era praticamente nula.

Para verificar como o consumo de proteína afeta a saúde humana a longo prazo, Longo e sua equipe analisaram um banco de dados chamado Levantamento Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES, na sigla em inglês). Os pesquisadores estavam particularmente interessados ​​em adultos de meia-idade, porque tinham observado uma mudança notável nos ratos de laboratório: em idade mais avançada, a ingestão de proteínas passou a mais útil que prejudicial.

A equipe coletou dados sobre a dieta de cerca de 6 mil pessoas. Metade tinha entre 50 e 65 anos quando o estudo começou, e a outra metade estava acima dos 65 anos. Em seguida, os pesquisadores analisaram quantas pessoas de cada grupo tinham morrido 18 anos depois e quais eram as causas da morte.

Segundo artigo publicado na revista Cell Metabolism, quem ingeriu 10% menos calorias de origem proteica teve 25% menos chances de morrer de câncer, e metade da probabilidade de morrer de qualquer outra causa, em comparação com as pessoas que ingeriram 20% de proteínas. Os efeitos foram ainda piores quando as proteínas eram de origem animal, não vegetal.

No entanto, depois dos 65 anos a restrição proteica passou a ser prejudicial à saúde, provavelmente porque o nível de IGF- 1 tende a diminuir naturalmente durante a velhice, explica Longo, levando à perda de peso e à fraqueza.

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