Pergunte ao
geofísico Guust Nolet, da Universidade de Nice, se existem sereias, e ele dirá:
“Sim! E eu as adoro!”. Ele admite, é claro, que elas são uma raridade no
oceano. No momento, o pesquisador acompanha as atividades de duas delas no
Mediterrâneo e quatro no Oceano Índico. E se você quiser ouvi-las cantar, terá
que esperar 10 dias para que venham à superfície, a menos que haja um
terremoto.
Como é que
é? Sim, essas sereias são sensíveis a tremores, e Nolet e sua equipe de
oceanógrafos dos Estados Unidos e da França instalaram cada uma delas no fundo
do mar.
Pela
primeira vez, os oceanógrafos contam com uma frota flutuante de detectores
sísmicos nas profundezas dos oceanos. As MERMAIDs (“sereias” em inglês, sigla
de Mobile Earthquake Recording in Marine Areas by Independent Divers – Registro
Móvel de Terremotos em Áreas Marinhas por Mergulhadores Independentes),
detectam tremores em uma área ampla da Terra, praticamente invisível para os
sismólogos: a crosta oceânica.
Ao
contrário dos sismógrafos de fundo, que ficam presos no leito marinho por um
ano ou mais, e precisam ser recolhidos em expedições caras para que se tenha
acesso aos dados, as “sereias” virão à superfície e transmitirão seus dados
sempre que receberem um sinal com 90% de chance de ser um terremoto.
A maioria
dos terremotos de magnitude 6,5 costuma provocar uma grande agitação na forma
de bolhas e estrondos no fundo do mar, que fazem mais barulho que o ruído normal
do oceano. “Detectamos tremores de magnitudes baixas, como 5,5, em lugares tão
distantes como o México”, contou Nolet a repórteres na União Geofísica
Americana, em São Francisco, esta semana.
Eles
detectam terremotos de uma forma similar aos sismógrafos terrestres, mas sua
mobilidade ajuda as MERMAIDs a registrar detalhes adicionais dos abalos
secundários. Por exemplo, durante um enxame sísmico no Oceano Índico em 25 de
novembro de 2013, as estações sísmicas em terra identificaram apenas dois
eventos, enquanto uma das “sereias” registrou quase 200 “gatilhos” em 13
sismogramas .
Eles também
sabem falar a língua das baleias – afinal, isso é coisa de sereia. Os sons
característicos das canções desses cetáceos são diferentes em cada espécie.
Nolet e sua equipe recomendam que outros cientistas aproveitem as MERMAIDs e
instalem sensores biológicos e meteorológicos nos dispositivos. Cada “sereia”
pode mergulhar a até 2 mil metros de profundidade.
No ano que
vem, a equipe pretende implantar 10 MERMAIDs ao redor das Ilhas Galápagos para
monitorar as assinaturas sísmicas do manto de magma vulcânico que envolve as
ilhas.
Fonte: Discovery noticias
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