Uma empresa húngara está tentando lucrar em cima dos temores de espionagem do governo norte-americano com a promessa de armazenamento seguro de dados, desafiando qualquer pessoa a invadir seus sistemas ou seu website. Mas alguns especialistas garantem que o “desafio hacker” da empresa de tecnologia Tresorit, com prêmio de 25 mil dólares, é apenas uma jogada de marketing.

A empresa, fundada em 2011 por alunos da Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste, oferece armazenamento seguro de arquivos na nuvem e dados criptografados pelos próprios clientes por meio de senhas codificadas, que podem ser compartilhadas. Dessa forma, os próprios clientes codificam seus dados em vez de confiar na empresa para protegê-los, explica o porta-voz da Tresorit, Szabolcs Nagy. ”Nós recebemos os dados, mas não podemos decodificá-los”, explica Nagy. “Nossos fundadores são bem paranoicos, entendem tudo de criptografia. Não queremos que vocês confiem em nós”.

Desde abril, quando lançou um sistema de armazenamento parecido com o Dropbox, a empresa já conta com mais de 100 mil usuários cadastrados. As revelações recentes de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) está espionando usuários do Facebook, Google, Yahoo, Dropbox e PayPal abalaram o setor de tecnologia e provocaram manifestações por reformas jurídicas e maior privacidade.

A polêmica em torno da privacidade levou empresas a oferecer celulares, e-mail e serviços de armazenamento à prova de espionagem. A AeroFS, por exemplo, uma start-up de Menlo Park, Califórnia, lançou um software de armazenamento de arquivos que funciona dentro do próprio firewall do cliente, em vez de usar um sistema externo vulnerável.

Para comprovar a eficiência de seus sistemas de segurança, os executivos da Tresorit anunciaram um prêmio de 25 mil dólares a quem conseguisse invadí-los. Nagy informa que 700 pessoas de 49 países estão participando do desafio, que termina em meados de 2014 e conta com a participação de alunos do MIT e das universidades de Stanford e Princeton, além de empresas privadas como Vodafone e Tata Consulting.

No entanto, David Evans, especialista em criptografia e professor de ciência da computação da Universidade da Virgínia, duvida da utilidade do desafio da Tresorit. ”Sempre que você usar um software operado por eles, estará confiando todos os seus dados à empresa”, questiona Evans. “Eles estão oferecendo uma proposta de segurança um tanto nebulosa”.

Evans explica que muitas empresas pagam a hackers profissionais para tentar invadir seus sistemas e expor seus pontos fracos. ”Se eles realmente se importassem em fazer uma avaliação de segurança eficaz, não sugeririam um desafio desse tipo”, explica Evans. “O problema é que contratar um bom profissional custa muito mais que 25 mil dólares e não rende nenhuma publicidade”.

Já Nagy replica que o desafio é um exercício importante, independentemente dos resultados. “Nossa intenção é garantir que nosso sistema seja seguro, mas na maioria das vezes, as vulnerabilidades surgem nos lugares mais improváveis”.

Mesmo que o sistema da Tresorit funcione, o valor de desafios do gênero também não passa despercebido pela NSA. Em abril, em uma parceira com a Universidade Carnegie Mellon, a agência patrocinou o “Toaster Wars”, um jogo on-line em que os alunos deviam “capturar a bandeira” invadindo um robô que viaja pelo espaço.





                                                            Fonte: Discovery noticias                

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