Você alguma vez, enquanto
estava sozinho em um ambiente qualquer, teve a nítida impressão de estar sendo
observado por alguém ou, ainda, sentiu uma forte presença sinistra com você?
Pois de acordo com Dario Borghino do site Gizmag, pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, provaram
em laboratório que essas sensações são provocadas pela nossa própria mente.
Segundo Dario, esse tipo
de sensação é frequentemente descrita por atletas que se expõem a condições
climáticas extremas — como os alpinistas, por exemplo — ou enfrentando
situações de exaustão profunda, assim como por pessoas sob profundo estresse
psicológico e por pacientes diagnosticados com distúrbios neurológicos e
psiquiátricos.
Para realizar o estudo, os
pesquisadores vendaram um grupo de 12 participantes mentalmente saudáveis e os
puseram para “brincar” com um dispositivo controlado por meio do dedo
indicador. Os movimentos realizados pelos voluntários através desse mecanismo
eram, então, reproduzidos por um braço robótico posicionado atrás deles que
tocava suas costas. Veja no diagrama a seguir:
Dedos invisíveis
Nada muito fora do normal
aconteceu enquanto os movimentos realizados pelos voluntários eram reproduzidos
pelo braço robótico em tempo real. No entanto, a coisa começou a ficar
interessante quando os pesquisadores atrasaram os toques nas costas em apenas
500 milissegundos — com respeito aos movimentos feitos pelos participantes.
Em apenas alguns minutos,
apesar de estarem cientes do propósito do experimento, os participantes
começaram a ter a sensação de estar na presença de “fantasmas” e de serem
tocados por dedos invisíveis. Além disso, os voluntários também disseram ter a
forte impressão serem observados e de se sentirem sendo arrastados para trás em
direção às mãos fantasmas. Alguns disseram perceber até quatro presenças posicionadas
ao seu redor.
Aliás, para dois dos
participantes as sensações foram tão fortes que eles inclusive pediram para que
o teste fosse suspenso. Segundo os pesquisadores, o experimento demonstra que
esse tipo de sensação pode surgir em condições normais, e que basta com que
exista um conflito entre os sinais motores e sensoriais envolvidos na geração
da consciência que temos do nosso próprio corpo para que os fantasmas comecem a
aparecer.
Fantasmas de laboratório
Os pesquisadores
compararam a atividade cerebral dos 12 voluntários no experimento com a de 12
pacientes diagnosticados com problemas neurológicos — e que descreveram ter
passado por experiências relacionadas com presenças invisíveis.
Os cientistas descobriram
que as “aparições” estão relacionadas com alterações no córtex
temporo-parietal, o parietal-frontal e o insular, que são regiões responsáveis
por processar os sinais sensoriais envolvidos na percepção que temos do nosso
próprio corpo. Conforme explicaram, o cérebro se apoia em várias representações
de nós mesmos no espaço e, sob condições normais, ele é capaz de integrar todas
essas informações e formar uma única imagem.
Contudo, quando o sistema
não funciona direito — seja por conta de uma doença, trauma psicológico muito
grande ou, neste caso, por causa de um robô —, algumas vezes o cérebro cria uma
segunda representação do nosso próprio corpo. Entretanto, essa representação já
não é mais percebida como sendo parte de nós, mas sim como sendo outra pessoa. Ou
um fantasma.
De acordo com Dario, essa
descoberta pode ajudar os cientistas a compreender melhor os sintomas
associados com a esquizofrenia. O estudo sugere que pacientes diagnosticados
com esse distúrbio podem perceber seus próprios movimentos ou sons produzidos
por eles mesmos como sendo de outra pessoa, além de ajudar a explicar o motivo
de os fantasmas — anjos da guarda, espíritos, demônios etc. — estarem presentes
em diversas culturas que existem pelo mundo.
Fonte:
MegaCurioso




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