O leitor Matheus Widmer
nos mandou uma sugestão de pauta bastante interessante: ela pediu para que
falássemos a respeito da história de um serial killer extremamente inteligente,
cruel e sagaz. Talvez você até já tenha ouvido falar do nosso personagem bizarro
do dia: o assassino Zodíaco, como acabou ficando conhecido. Nós já o mencionamos nesta lista com alguns dos matadores em
série mais famosos do mundo.
O fato é que esse cara é
um dos maiores mistérios policiais de todos os tempos – há quem diga que ele
fica atrás somente de Jack, o Estripador. Comprovadamente, ele é responsável
por seis mortes ocorridas na Califórnia, nos EUA, no final dos anos de 1960.
Ainda assim, ele se dizia responsável por tirar a vida de 37 pessoas.
Eis outra face curiosa
desse sanguinário, aliás: ele se comunicava por meio de cartas cheias de
enigmas que enviava a jornais locais – alguns desses enigmas não foram decifrados
até hoje. O fato é que Zodíaco, apelido que deu a si mesmo, ainda é um completo
desconhecido.
Devido à sua popularidade,
muita gente chegou a se entregar à polícia dizendo ser o criminoso, mas o
verdadeiro Zodíaco ainda não foi capturado, e tudo o que se sabe sobre a
aparência dele é um retrato-falado feito com a descrição das duas únicas
vítimas que sobreviveram aos seus ataques.
Sangue frio
Acredita-se que a primeira
vítima de Zodíaco tenha sido Cheri Jo Bates, uma estudante universitária de
Riverside, na Califórnia. Cheri foi morta do lado de fora da biblioteca do
campus onde estudava, no dia 30 de outubro de 1966. Enquanto a jovem estava na
biblioteca, o assassino sabotou seu carro e ficou à espreita da moça que,
depois de não conseguir ligar o veículo, ao que tudo indica acabou aceitando
uma carona do assassino.
Antes de Cheri morrer, ela
ficou uma hora na companhia de Zodíaco, não se sabe exatamente fazendo o quê.
Depois ele a matou com três facadas no peito, uma nas costas e sete no pescoço,
quase chegando a decapitá-la. Ela também foi asfixiada e apanhou muito no
rosto. Não foram encontrados sinais de estupro ou assalto no corpo da vítima.
Um mês após a morte de
Cheri, a primeira carta do assassino foi enviada ao jornal local. Depois disso,
mais cartas foram enviadas, agora não apenas para a imprensa, mas também à
polícia e ao pai de Cheri. Nessa segunda carta, Zodíaco dizia “Bates tinha que
morrer. Haverá mais mortes”, em uma tradução livre.
Mais crimes
Outro assassinato
promovido por Zodíaco chocou a cidade de Vallejo, também na Califórnia. No dia
20 de dezembro de 1968 um casal de adolescentes estacionou o carro em um lugar
conhecido por atrair casais apaixonados. Lá, Zodíaco atirou contra a cabeça de
David Faraday enquanto ele ainda estava sentado no carro. Depois, atirou cinco
vezes contra Betty Lou Jensen, quando ela estava do lado de fora do veículo,
provavelmente tentando fugir.
A polícia acredita que
Zodíaco atacou outro jovem casal no dia 4 de julho de 1969. Mike Mageau e
Darlene Ferrin estavam em Vallejo quando foram baleados. Mageau sobreviveu, mas
sua namorada morreu na hora. Nesse período, Zodíaco escreveu mais cartas para
jornais da região, repassando alguns detalhes do crime.
Além disso, Zodíaco
escreveu uma mensagem codificada, que dividiu em várias partes; cada uma delas
foi enviada a um jornal diferente. A mensagem era clara: se os jornais não
publicassem os códigos em seus impressos, haveria mais pessoas assassinadas. A
carta foi finalizada com um símbolo estranho, que acabou virando uma espécie de
“brasão” do assassino.
Detalhes
A mensagem codificada foi
decifrada graças à ajuda de um professor de Salinas, no mesmo estado. O
conteúdo revelava detalhes perturbadores da mente psicopata de Zodíaco, que
afirmou que gostava de matar pessoas “porque isso é tão divertido” e revelou,
ainda, acreditar que suas vítimas se tornariam seus escravos depois que ele
morresse também.
O apelido “Zodíaco” foi
adotado pelo assassino em agosto de 1969, em uma carta que ele enviou ao jornal
San Francisco Examiner. No dia 27 de setembro daquele mesmo ano, o assassino
voltou a agir, escolhendo mais um jovem casal que passeava à noite. Dessa vez,
nada de tiros: Zodíaco esfaqueou os dois repetidas vezes. Cecelia Shepard não
resistiu aos ataques e morreu dois dias depois, mas seu namorado, Bryan
Hartnell, sobreviveu.
No carro de Hartnell,
Zodíaco deixou um bilhete informando as datas dos assassinatos anteriores, como
uma forma de comprovar sua identidade. Os dois sobreviventes ajudaram a polícia
a criar um retrato-falado do assassino, que foi descrito como um homem branco,
robusto e que deveria ter seus quase 30 anos, de cabelo curto castanho e
óculos. As vítimas afirmaram também que, durante os ataques, Zodíaco usava uma
espécie de capa.
Outra vítima do psicopata
foi um motorista de táxi, que levou um tiro no dia 11 de outubro de 1969,
apenas algumas semanas depois do último ataque. No dia 13 de outubro, Zodíaco
enviou outra carta, dizendo que havia realmente matado o taxista e que estava
preparando um ataque de bomba em um ônibus escolar, para matar várias crianças
ao mesmo tempo. Felizmente, essa promessa acabou não sendo cumprida.
Mistério
Até hoje a real identidade
de Zodíaco permanece desconhecida. O assassino só fica atrás de Jack, o
Estripador nessa questão de casos não resolvidos. Só para você ter ideia, as
investigações policiais a respeito desse cara têm uma lista de mais de 2.500 suspeitos,
todos já investigados pela polícia.
Desde que o caso foi
divulgado, muitos policiais, detetives, jornalistas e curiosos começaram a
investigar a história por conta própria. Isso acabou gerando uma série de
discussões e especulações a respeito do terrível assassino – não apenas nos
EUA, mas em diversas partes do mundo há pessoas dedicadas a estudar esse caso. Neste site há toda a história detalhada, com todos os
conteúdos das cartas divulgados – em inglês.
Possíveis suspeitos
Muitos livros já foram
escritos em cima da história de Zodíaco, sendo que alguns autores chegaram até
mesmo a apontar alguns suspeitos, entre os quais Charles
Manson e Ted Kaczynski, dois dos criminosos mais temidos do planeta.
Já Arthur Leigh Allen acabou entrando para a lista depois de ser identificado
como responsável pelo ataque a Hartnell e Mageau – ainda assim, um exame de DNA
não comprovou que ele era o assassino.
O caso voltou à tona em
2007, quando pesquisas para o filme Zodiac,
do diretor David Fincher, descobriram que algumas cartas do assassino não
haviam passado por testes de DNA.
Parentesco
Zodíaco voltou à mídia
quando no início deste ano o escritor Gary L. Stewart, autor de “The most
dangerous animal of all” (algo como “O animal mais perigoso de todos”, em uma
tradução livre) disse ser filho do polêmico assassino.
Antes de Stewart outra
pessoa já havia afirmado ter uma relação de parentesco com o assassino. Em
1991, um advogado de São Francisco alegou que seu irmão já morto, Jack Steadman
Beeman, era o assassino, mas nada nunca foi comprovado.
Algumas das cartas
Os recados enviados pelo
assassino eram sempre pretensiosos, cruéis e, em alguns casos, descreviam os
crimes com uma frieza quase inacreditável, por isso vamos divulgar aqui a
tradução de somente duas das cartas de Zodíaco. Para ler todas elas, acesse
este site, que tem um conteúdo vasto sobre o caso – em inglês.
“Aqui quem fala é o
Zodíaco. A propósito, vocês já resolveram a última cifra que enviei? Meu nome
é... [CÓDIGO]. Estou levemente curioso com quanto dinheiro vocês estão pagando
de recompensa pela minha cabeça. Espero que vocês não pensem que eu era aquele
que apagou um policial com uma bomba na delegacia. Embora eu tenha falado de
matar crianças com uma. Não seria certo invadir o território de outra pessoa.
Mas há mais glória em matar um policial do que em matar uma criança, porque um
policial pode atirar de volta. Já matei dez pessoas até hoje. Teria sido muito
mais, mas minha bomba falhou. Eu fiquei alagado pela chuva que tivemos algum
tempo atrás.”
“Aqui quem fala é o
Zodíaco. Eu fiquei bastante irritado com o povo da Bay Area de San Francisco.
Eles não acataram meus desejos de que usassem um bottom com meu símbolo.
Prometi puni-los se não acatassem, aniquilando um ônibus escolar. Mas agora as
escolas estão de férias pelo verão, então eu os puni de outra maneira. Atirei
em um homem sentado em um carro estacionado com um .38. O mapa que acompanha
este código diz onde a bomba está. Vocês têm até o outono para desenterrá-la.”
Fonte:
MegaCurioso
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